terça-feira, 11 de outubro de 2011

Tempo de Vindimas

Passeio pelo Douro vinhateiro


A época das vindimas é a melhor ocasião para uma visita à Região Demarcada do Vinho do Porto.


A azáfama  das vindimas dá outra vida à região.

Típicas vinhas em socalco

'O Doiro necessita de ser finalmente olhado pela nação como o seu olimpo sagrado, o chão bendito que produz a única riqueza de que somos senhores exclusivos: o Porto, que o mundo assim conhece e saboreia, imita em todas as latitudes sem nunca a igualar. Mas esse carinho pátrio tem de começar pelo obreiro do prodígio, pelo oficiante de mãos calosas que espreme os xistos até os fazer ressumar'.

Miguel Torga

Carinho pátrio não sentido pelos viticultores, diante da Casa do Douro, pedindo garantias de escoamento do vinho e melhores preços à produção.



Peso da Régua, onde começa o passeio,  é um exemplo de mau ordenamento do território praticado pelo poder municipal. Que mais-valia pode trazer à cidade o mamarracho erguido ao lado da bonita igreja, junto à estação?  Infelizmente este caso de atentado ao ambiente e ao património edificado não é singular.  Houve autarcas que não souberam conciliar progresso com desenvolvimento sustentado.




Vários espaços públicos da Régua estão decorados com bonitos paineis de azulejos azuis, brancos e amarelos, que retratam a faina das vindimas, cultura da vinha, lagaradas e o transporte do vinho do Porto nos barcos rabelos.



Entre Margens
Exposições de fotografia no espaço público em Vila Real, Lamego, Régua, Mirandela, Santa Marta de Penaguião e Porto. Homenagem a todas as mulheres que estão ligadas à vinha no Douro, como  a Ferreirinha.




Dona Maria Antónia Adelaide Ferreira,  grande produtora de vinho do Porto, no século XVIII,  e personagem celebrizada no cinema, é este ano homenageada pelo Museu do Douro com uma exposição comemorativa do bicentário do seu nascimento.



Porto da Régua
A cidade e o Pinhão são os dois principais centros da região demarcada e os principais polos turísticos dos cruzeiros no Douro.


Auto-estrada A24 sobre o Douro

Ponte metálica de Peso da Régua em restauro. Uma mais valia para a cidade.

Barragem de Bagaúste
Barco de turismo na comporta,  à espera que o gigantesco tanque de água esvazie. Fica atracado, preso por cordas, para não ser puxado pela corrente. 


Passagem pela comporta.
O barco retomou a navegação quando o nível da água do tanque igualou o do leito do rio, na base da barragem. Em sentido inverso, o barco maior, para subir o Douro, primeiro deve entrar no tanque vazio e esperar que comece a encher-se, depois de fechada a comporta a jusante e aberta a que está a montante. Assim que a água do tanque ficar ao nível da do rio, o barco retoma a navegação.  Com este sistema de comportas, o Douro é navegável até Espanha, por barcos que não ultrapassem determinado calado.


A estrada que vai da Régua ao Pinhão é uma estrada panorâmica, das mais belas de Portugal. Gosto de fazê-la no sentido inverso, ao lado do rio, admirando os vinhedos nas encostas.


Esplanada em Folgosa do Douro
Covelinhas fica na outra margem. Neste Eden abrasador, refrescado pela água do rio, relembro-me do diálogo de "A Cidade e as Serras" entre Zé Fernandes e o amigo Jacinto, à chegada a Portugal, pela Linha do Douro.  -Acorda, homem, que estás na tua terra! Rodeado de serras, Jacinto não regressou mais a Paris. Com tanta beleza, a quem apetecia partir para a "civilização"?


Prova de vinho
Atraído pela publicidade entrei na Quinta das Carvalhas onde, além de ter provado um cálice de vinho do porto tawny, reserva de 10 anos, fiquei a saber que tanto o tawny como o ruby são vinhos feitos com as mesmas castas de uvas. Distinguem-se um do outro pelo facto de o ruby  ser envelhecido em pipas pequenas e o tawny em pipas grandes. O ruby, de cor vermelha, - rubi -  deve ser consumido nos primeiros cinco anos, ao contrário do tawny que, envelhecido durante mais tempo, apresenta tonalidade menos escura e tem sabor a frutos secos.


Comboio do Douro
A linha ainda é a mesma que no século XIX  levou Jacinto a Tormes. Mas o comboio, esse,  já não é o que faz pouca terra, pouca terra!  O amarelinho,  noutro tempo e noutro ritmo, percorre, ligeirinho, o que sobra da linha de Barca de Alva ao Porto. Com ele viaja a nossa imaginação!




Pinhão à vista



Cais fluvial e ponte rodoviária



Estação do Pinhão
Ex-libris da vila


A estação do Pinhão, decorada com painéis de azulejos, alusivos à tematica vinhateira,  é uma das  mais lindas estações de comboio de Portugal.


Cais do Pinhão
Exceptuando a estação e a zona adjacente ao cais, que mais há para visitar na vila? 


Acabadinho de pescar!
Com a rede bem guarnecida de peixes, pode dizer-se que a pescaria foi boa! Mas hoje não deu para petiscar peixe do rio; fica para outra visita ao Douro!
De regresso à montanha
Na volta do passeio  pelo Douro vinhateiro passei por Provezende, Celeirós, Vilarinho de São Romão e Sabrosa. Paisagens soberbas, de cortar a respiração. 

Como é lindo este meu Trás-os-Montes e Alto-Douro! Espero que com a futura divisão administrativa, a "província" não seja rachada em duas, subtraída da parte sul, como parece pretender Vila Real, nem fique diluída numa  artificial Região Norte, como pretendem centralistas do Porto! Não concebo a minha identidade sem ser transmontano de Barroso a Freixo-de-Espada-à-Cinta, e do Marão a Mirando do Douro!

1 comentário:

Alexandrina Areias disse...

Belo o 'nosso' Alto Douro Vinhateiro! Tal como o comprova esta bonita série de fotos que compôem a foto-reportagem...
Cmc's
AA