quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sabores Transmontanos III

Sabores & Saberes de Chaves
31-01-2009



A feira do fumeiro, em Chaves, em grandiosidade, fica aquém das feiras de Montalegre e de Vinhais, pioneiras na organização deste tipo de feiras. Sem história, sem instalações de raíz e sem atrair milhares de visitantes de outras regiões, é quase uma feira local, todavia, tão boa como as demais, na qualidade dos produtos oferecidos e na variedade de actividades de animação.


Presunto de Barroso versus Presunto de Chaves!
Está instalada a guerra!

O presunto era conhecido, de Norte a Sul do país, como Presunto de Chaves. A história é parecida com a do Vinho do Porto, vinho produzido no Alto Douro mas comercializado com o nome da cidade onde era exportado.

Montalegre, com a realização das feiras do fumeiro, sem Chaves dar por isso, conseguiu, para o presunto produzido na região do Alto Tâmega, o selo de certificação de origem com a designação de Presunto de Barroso. A origem geográfica é parcialmente a mesma do Presunto de Chaves; só que agora, bem vistas as coisas, está reposta a verdade histórica. Chaves, qual bela adormecida, vai ter que mexer bem os cordelinhos para assegurar a certificação com a denominação Presunto de Chaves! Os consumidores é que vão ficar sem percebr se há alguma diferença entre os presuntos de Chaves e de Barroso!

Confraria de Chaves
Chaves, com apoio da câmara, até já tem um grupo de confrades dispostos a fazer valer os pergaminhos da cidade! Na feira estava um grupo de senhores e senhoras, fardados, pertencentes à Confraria de Chaves, com o objectivo de divulgar a actividade da organização. No entanto fiquei desiludido com a confraria pois quando pedi que algum dos confrades me desse apoio para comprar um presunto de Chaves ninguém se achou com conhecimento suficiente para me ajudar na escolha.




Em Chaves há bom folar de carne o ano todo.









Batata de Trás-os-Montes na feira dos sabores.
Delicioso doce de batata feito pela Dona Conceição, de Travancas, a Capital da Batata.

As alheiras de Chaves podem não ser famosas como as de Mirandela mas são igualmente saborosas; na feira, o quilo delas custava menos 3€ que na de Montalegre.







Jovem produtora de fumeiro de Águas Frias.
Para manter a tradição de produção artesanal de bom fumeiro nas aldeias, a autarquia promoveu cursos de formação e presta algum apoio às formandas.
A certificação exige no entanto que se pague impostos e se produza de acordo com determinadas regras, o que nem sempre é possível devido à falta de capital para aquisição de máquinas e instalações.


Chaves e Verin , cidades termais banhadas pelo Tâmega, estão separadas por mais de 20 km. No entanto formam uma eurocidade , designação vantajosa que lhes permite ter acesso a fundos comunitários para projectos feitos em parceria.
A relação estreita com a Galiza pode ser capitalizada e servir a Chaves para marcar a diferença da feira do fumeiro flaviense com feiras similares transmontanas. Num processo de aculturação, Chaves pode incorporar na sua gastronomia elementos da cozinha galega!





Línguas-de-sogra galegas hiper-docinhas, a que dá prazer trincar!




Não é preciso ir a Lugo ou a Ourense petiscar “polvo à galega”. Agora basta vir a Chaves, à tasca do Rei do Polvo!


Grupo tradicional de Ventuzelos, aldeia do concelho de Chaves. Com excepção de Quim Barreiros e da charanga galega, a organização da feira apostou na prata da casa para dar música aos visitantes, também eles do concelho.

Chaves ainda tem um longo caminho de publicidade a percorrer para igualar Montalegre e Vinhais na captação de visitantes de outras regiões portuguesas e da Galiza!



Ponte pedonal sobre o Tâmega, recentemente inaugurada


Quim Barreiros na Feira dos Sabores

Eu gosto de mamar no peito da cabritinha


Eu sou o mestre da culinária

Começou a chover quando Quim Barreiros aquecia, com sua música brejeira, os admiradores flavienses. Percebi que a chuva era de neve na serra e, por isso, tratei de me ir embora antes que a festa terminasse e a estrada para a aldeia ficasse intransitável. De facto não me enganei, a neve caía a partir da cota de 600 metros. Domingo de manhã estava tudo coberto de branco!


















2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Euroluso. Parabéns pelo blog que demonstra bem o carinho que é comum dos ausentes pela sua terra e suas origens. Não pude deixar de notar a nota que deixou quanto à Confraria de Chaves, mas posso adiantar que qualquer dos confrades presentes na feira teria respondido satisfatoriamente ao seu pedido. Se assim não aconteceu não foi por desconhecimento mas sim por principio pois não deve exercer qualquer favorecimento a nenhum produtor em especial. Sabe que estava num espaço havia alguns produtos expostos os quais não eram da responsabilidade da Confraria que apenas se "apresentou ao publico" sem fardamento oficial ainda. Sabe que a Confraria pretende reconhecer oficialmente produtos genuínos de Chaves mas isso levará ainda algum tempo e será do conhecimento publico. Convidamo-lo a contactar sempre que necessitar de alguma informação através dos contactos oficiais disponíveis no website da Confraria e ou presencialmente num futuro evento.
Cumprimentos
CC

PEREYRA disse...

Caro Confrade Anónimo,
Obrigado pelas palavras elogiosas.
Quanto à sua confraria, o que considero relevante nela, neste momento, é a fundação da instituição resultar da necessidade, sentida por um grupo, de salvaguardar o património gastronómico flaviense. Estarei atento às batalhas que irão travar e, desde já, desejo que sejam bem sucedidos.