sábado, 13 de abril de 2013

Jóias de Arte Sacra

Na maior igreja transmontana
 
Se o exterior  da igreja matriz  de Torre de Moncorvo impressiona pela monumentalidade, o grandioso e vetusto espaço interior faz-nos sentir pequeninos, quando levantamos o olhar para a abóbada de múltiplas nervuras em granito.
 

A igreja, dedicada a Nossa Senhora da Assunção, tem três naves, separadas por oito imponentes colunas, ao estilo do império romano. Estas colunas toscanas, robustas e de capitéis lisos, derivam das colunas dóricas da Antiga Grécia, onde, por serem símbolo de força, eram usadas nos templos dedicados a deuses masculinos.
 
 
 
 
Caminhando pela nave central, o olhar fixa-se, admirado, no faustoso retábulo barroco da capela-mor, enquadrado por colunas salomónicas, em espiral. Foi executado entre 1752  e 1754 por Jacinto Silva, mestre bracarense, enquanto as pinturas murais, de estilo rococó, representando a Última Ceia e a Virgem Comungando, foram executadas em 1779 pelo pintor Francisco Bernardo Alves. Uma pesquisa na internet, sobre a biografia dos dois artistas, resultou infrutífera.
 
 
 


Nas paredes laterais do corpo da igreja há quatro retábulos do século  XVIII. Este, do Santo Cristo, é dedicado aos apóstolos Pedro e Paulo. Fica à direita de quem assiste à missa, no lado do Evangelho, assim chamado porque é à direita do altar-mor que o sacerdote faz a leitura do Evangelho. No lado oposto, o da Epístola, são feitas as outras leituras.
 
 
 
Retábulo barroco da Capela das Chagas - absidíola lado do Evangelho -  com talha dourada rococó, talvez proveniente do convento de São Francisco dos frades Capuchinhos, existente na vila, até à extinção das ordens religiosas, em 1834. 
 
 

Capela do Santíssimo Sacramento, na absidíola do lado da Epístola. Um gradeamento de ferro forjado, datado de 1631, resguarda um tríptico flamengo, um magnífico sacrário e o retábulo mais antigo da igreja. Louvado seja o Santíssimo Sacramento, lê-se na barra do gradeamento.
 
 
 
No retábulo maneirista, do  primeiro quartel do século XVII, estão representadas cenas da Vida de Cristo, os Quatro Evangelistas  - São Lucas, São Marcos, São João e São Mateus -  e os Quatro Doutores latinos da Igreja, em 1298: Ambrósio de Milão, Agostinho de Hipona, Jerónimo de Strídon e Gregório Magno.
 
 

 
A mais preciosa jóia de arte sacra
Tríptico - Quadro com três faces internas trabalhadas, com duas meias portas que se dobram  sobre a do meio  -  executado em Antuérpia, por volta de 1500. Apresenta figuras de bom talhe, polícromas, esculpidas em alto-relevo, representando cenas da vida de São Joaquim e Santa Ana, pais  da Virgem Maria.  
 
"uma representa a Revelação profética de um anjo a S. Joaquim e o encontro deste com a esposa à Porta Áurea de Jerusalém; outro, o casamento de S. Joaquim com a futura Mãe da Virgem; o outro, a Apresentação do Menino Jesus pela Virgem a Santa Ana".
 
 
 
 
Desconhece-se quando o tríptico foi incorporado no acervo desta igreja. Supõe-se que tenha pertencido a Manuel Rodrigues Isidro, grande mercador do Porto, do século XVII, judeu, natural de Moncorvo.   Preso pela Inquisição,  teve os bens confiscados, incluindo vinte painéis que tinha nos seus armazens, importados de Antuérpia.
 

Belo e aparatoso órgão de tubos, de 1778, situado no coro alto, num piso da torre sineira,  mas desativado e aguardando reparação.
 
Entretanto, depois da passagem por Torre de Moncorvo, por altura da floração das amendoeiras, foi inaugurado o Museu de Arte Sacra, instalado no edifício anexo à igreja da Misericórdia, onde está patente, até final de abril, a exposição temporária "Arte e Fé em Moncorvo". Mais um motivo para regressar  à Terra do Ferro!

 

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