sábado, 18 de setembro de 2010

Flavienses, pela Linha do Tua

Assinam Petição


Sobre a linha de comboio do Tua paira a ameaça de os primeiros quilómetros ficarem submersos pela águas de uma barragem,  próximo da foz do rio Tua, se o governo der luz verde à EDP para a construir.


Se o poderoso grupo de pressão do betão, representado pela EDP, vir satisfeitas as suas pretensões, Trás-os-Montes, sem a via férrea, ficará ainda mais isolado. No passado, a pretexto de falta de rentabilidade, o poder central retirou a  Trás-os-Montes outras ligações ferroviárias, incluindo a do Corgo, que ligava Peso da Régua a Chaves.




No entanto, o que ficou a região,  e o país, a ganhar com o fecho das linhas férreas? As assimetrias entre o interior e o litoral diminuiram?



Desde o descarrilamento de 22 de agosto de 2008 que a circulação de comboios na linha do Tua se encontra encerrada entre o Cachão e Foz-Tua, perdendo-se desse modo, a ligação à linha do Douro. Nesse acidente, numa série de quatro, desde que se começou a falar na construção da barragem, morreu Olema Barros, turista de Vimioso. A minha esposa, um dos passageiros gravemente feridos, entre outras sequelas, ficou com a fobia de viajar de comboio e de autocarro.



Quando, por toda a Europa, se comemora a Semana Europeia da Mobilidade, os diversos movimentos cívicos, nascidos com o objetivo de preservar o que resta da linha de comboio do Tua, neste dia 18 de setembro, vão, de Mirandela, Carrazêda de Ansiães e Vila Flor, até Lisboa, para lá fazer uma vigília em defesa da mobilidade, com origem e destino em Trás-os-Montes.



O mais recente movimento civico a ser formado em defesa da preservação da linha ferroviária do Tua surgiu em Codeçais. Os habitantes dessa pequena aldeia do concelho de Carrazêda de Ansiães, privados do direito de mobilidade ferroviária, desde o fecho da linha, propõem-se entregar na Assembleia da República uma petição com dez mil assinaturas, tarefa hérculea, se pensarmos que a população adulta do concelho não atinge esse número de habitantes.




Enquanto transmontano dos quatro costados e flaviense, por afinidade e amor à cidade, resolvi fazer chegar a petição aos moradores de Chaves.



Por amor à região que me viu nascer, pela paixão que tenho pelas viagens de comboio e por apostar num futuro de Trás-os-Montes, sem desertificação e com escolas abertas, abracei com prazer esta causa e aderi pela primeira vez a um movimento de cidadãos.



A petição chegou-me por correio eletrónico. Como não tenho impressora na casa da aldeia, fui à biblioteca de Chaves tratar disso. Depois, como estava perto da Escola Secundária Fernão de Magalhães, (um bravo transmontano) fui até lá, para recolher assinaturas. No antigo liceu, decorado com bonitos azulejos e por onde passaram gerações da elite flaviense, fui bem recebido pelos colegas e pessoal administrativo.




Entusiasmado com a meu batismo no exercício de uma ação de cidadania, fui para a Rua de Santo António. No Café Sport, uma espécie modernista de A Brasileira de Chaves, e no Geraldes, congénere mais velho, também fui bem recebido por clientes e empregados. Os dois cafés, cada um no estilo de uma época, fazem parte da história da cidade e ostentam obras de pintores flavienses vivos: Nadir Afonso e Mário Lino.

No Geraldes, o Luis, além de empregado de mesa durante o Verão, também expõe quadros seus e está feliz pelas vendas realizadas para Espanha, França, Alemanha e Portugal.




Os proprietários e empregados dos estabelecimentos comerciais da Rua de Santo António surpreenderam-me pela positiva. O mesmo sucedeu na Rua Direita. Até agentes da PSP aceitaram assinar a petição! Se já gostava de Chaves por ser uma cidade lindíssima, agora que fiquei a conhecer melhor as suas gentes, passei a gostar dela ainda mais.

Alguns dos peticionários evocaram mesmo a Linha do Corgo, sendo de opinião que não deveria ter sido encerrada. 



Ainda me recordo do tempo em que ia à estação de Oeiras levantar sacos de batatas que o meu sogro, produtor, na Capital da Batata, despachava, aqui, na bonita estação de Chaves. A CP acabou com isso tudo, até que um dia encerrou a linha.



Antes de regressar à aldeia onde resido temporariamente, fui a Feces de Baixo, do outro lado da fronteira, atestar o carro de gasolina. No regresso, parei num snack bar de Vila Verde da Raia, frequentado por camionistas. Também eles, enquanto comiam a bifana e bebiam cerveja, concordavam com a preservação da linha do Tua e assinavam a petição. Houve um, a brincar, que me disse que só assinava se não fosse testemunha de Jeová!



A recolha de assinaturas foi uma experiência gratificante, ao proporcionar-me lidar com pessoas de diferentes estratos sócio-profissionais e culturais. Foram poucas as que se recusaram assinar a petição. Algumas, envergonhadamente, alegaram não terem o bilhete de identidade à mão. Só um cidadão de meia idade, favorável à submersão da linha de comboio, é que invocou as escarpas como razão para a linha ser definitivamente encerrada. Vou para Mirandela mais enriquecido e feliz por levar comigo mais de uma centena de assinaturas, para entregar  ao coordenador do Movimento Cívico de Codeçais.  Vão conseguir as dez mil!



Desde que começou este combate desigual contra o fecho da linha do comboio do Tua que não perdi a esperança dela vir a ser salva das águas da hipotética barragem, à semelhaça do que aconteceu às gravuras pré-históricas de Foz-Coa. A Linha do Tua foi recentemente reconhecida como património edificado, que é necessário salvaguardar. O filme "Páre, Escute, Olhe" que tem uns breves segundos de imagens filmadas por mim no acidente de 22 de agosto de 2008, veio contribuir para sensibilizar a população urbana para a questão da desertificação humana do interior de Portugal. Há mais gente a juntar-se àqueles que defendem a continuidade do comboio do Tua. Tenho fé e acredito que os valores patrimoniais e o sentido de Estado das autoridades,  irão prevalecer sobre os interesses do betão.









Depois da tempestade vem a bonança!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Favaios em Festa

Capital do moscatel promove festival do pão e do vinho


Favaios, uma das seis Aldeias Vinhateiras do Douro, é uma terra do concelho de Alijó, literalmente cercada de vinhedos. A paisagem, bela durante todo o ano, é espetacular na época das vindimas!



Fiz-me à estrada, no primeiro sábado de outubro, sem conhecer o programa oficial do Festival do Pão e do Vinho, mas na expectativa de assistir a uma lagarada na capital do moscatel.   





Lavadeira à entrada de Favaios.  Face da gentes da terra, que não aparece nos catálogos de promoção turística.
Orientado pelo som dos  bombos dos Zés Pereiras de Cheires, fui parar ao centro da aldeia, onde havia barracas de artesanato e de comes-e-bebes.  Em eventos como este, o que me atrai mais é a gastronomia. A sandes de presunto com vinho  branco soube-me bem, e o queijo de cabra que comprei numa das barracas é uma tentação à gula.


Sem saber quem era  o jovem senhor que estava a ser entrevistado por uma rede televisiva,  supus, pela aparência e aparato, que fosse alguém importante da terra. E não me enganei. Pesquisando na net, descobri que se chama António Manuel Veiga Lobo Figueiredo Barros. Como é o presidente da Junta de Freguesia de Favaios, aproveito para lhe sugerir, a ele e ao Dr. Carquejo que, se querem atrair mais turistas ao concelho, não se devem esquecer,  ao menos, para o ano, de colocar o programa do Festival do Pão e do Vinho no sítio oficial da Câmara Municipal de Alijó. 




Edifício onde está instalado o Museu do Pão e do Vinho




O meu guia local



Igreja da padroeira







 Pão de Favaios: pão de quatro cantos







"...A região do Douro, considerada como ambiente, é uma maravilha do homem, não uma maravilha da criação.  Tudo ali canta a força e a vitória dos seus colonos. Da pedra se fez terra, do sol bravo o licor generoso, que tem um ressaibo de brasa e framboesa."
Aquilino Ribeiro











terça-feira, 7 de setembro de 2010

Feira da Maçã' 10

Carrazêda de Ansiães

Não há amor como o primeiro

Conheci a Feira da Maçã em 2002. Regressado de uma viagem de carro que me levou à Polónia, Eslováquia, Repúblicaa Checa, Hungria e Croácia, entre outros países,  soube-me bem regressar a casa, ao Reino Maravilhoso e enibriar-me na feira, mergulhado nos sabores dos nossos petiscos e vinhos.



Jardim

 

Embora desejasse ter regressado antes à Feira da Maçã do Vinho e do Azeitecircunstâncias diversas só me possibilitaram voltar  este ano, quando já vai na 15ª edição.


Bonito recanto da vila



Em oito anos a feira cresceu e mudou de espaço...





A maçã de montanha é uma cultura em expansão no concelho. Com a crise a bater à porta dos produtores de vinho, aumenta de ano para ano o número de novos pomares.



Em Zedes fui encontrar um produtor ocupado na azáfama da colheita...




...que me vendeu uma grade de sumarentas maçãs, idênticas às que são comercializadas nos mercados mais exigentes. 

 

Fonte das sereias e chafariz


Oito anos depois fui encontrar a feira num espaço funcional  e moderno, dispersa pelo mercado e pavilhões de estrutura permanente.


Modernizou-se, perdendo o caráter rural de feira de barracas montadas em terra batida. Não gostei das alterações mas reconheço que como está é mais atrativa.












Missa na Igreja Matriz 


Procissão com os oragos das paróquias do concelho