terça-feira, 30 de março de 2010

Valpaços, Capital do Folar

XII Feira do Folar
Dias 26, 27 e 28 de Março de 2010









quinta-feira, 18 de março de 2010

Tou Xim!


Onde você estiver, o telelé está lá
Quem não se recorda do célebre anúncio de um pastor a atender uma chamada telefónica no campo?  Foi em 1995, quando em Portugal ainda não havia telemóveis. Depois disso assistimos a uma revolução: o número de aparelhos celulares é superior, hoje, à população portuguesa.


Quando subia de Águas Frias de Monforte para o Planalto da Bolideira, a filosofar com os cinco euros que acabara de pagar pelo reconfortante almoço na aldeia, e a observar castanheiros e carvalhos, ainda sem indícios de que a Primavera vai chegar dentro de dias, eis que me deparo com a imagem -  surrelista, há 15 anos -  de um pastor  a falar ao telefone, tal como no anúncio publicitário.


Encostei o carro à berma da estrada e comecei a tirar fotos ao pastor, pedindo-lhe, por gestos, autorização para o fazer. Ele, entretido na conversa telefónica, parecia uma pop star indiferente ao paparazzo.

Chama-se Luis Lopes. É pastor há 24 anos. Começou aos doze com 25 ovelhas oferecidas pelo pai.

Hoje tem um rebanho de cento e três.





Comunicativo e de trato fácil, falou-me dos problemas que afetam a sua atividade profissional. Apontando o dedo ao governo,  disse que  em 2009 recebeu menos 800 euros de subsídio; este ano vai ficar sem ele porque só tem área para quarenta. Andar o dia todo só com essas ovelhas não compensa, justifica-se.

Tem dois cães, o Lobeiro e o Pastor. O cão pastor transmontano, o Lobeiro, vigia o rebanho e ataca os lobos. O Pastor é um rafeiro bem ensinado e obediente que o ajuda a manter o gado junto, correndo atrás de alguma ovelha tresmalhada. Dono e animal entendem-se bem e parecem felizes.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Entrudo Chocalheiro '10

Carnaval dos caretos em Podence



O careto é um personagem mascarado do Carnaval de certas aldeias de Trás-os-Montes, onde a tradição do Entrudo não se perdeu.


Em Podence, no concelho de Macedo de Cavaleiros, todos os anos se celebra o Entrudo Chocalheiro no qual os caretos são o principal centro das atenções.


É uma airosa aldeia de xisto, com ar modernaço, situada na encosta da serra da Nogueira.




De há uns tempos a esta parte que, uma vez por outra, vou ao Carnaval de Podence, verificando que a aldeia rejuvenesce, tendo mais casas novas. É pena, no entanto, que o característico núcleo antigo de xisto continue em ruínas, a ruir.


Domingo Gordo, dia 14 de Fevereiro, sob um frio de rachar, passei pela aldeia, tendo ficado desencantado com a interdição de entrada de viaturas em Podence e a grande quantidade de carros estacionados nas proximidades, ao longo da estrada, o que me obrigou a caminhar mais de 500 metros para chegar ao local dos festejos. Os caretos por lá andavam aos grupos, rodeados de um batalhão de curiosos, atarefados a fotografar o evento. O Entrudo Chocalheiro de 2007 agradou-me mais.

"Vestir o traje de careto é como receber uma força transcendente. Faz-se o que não se faria noutra ocasião: corre-se todo o dia, pulam-se janelas, dão-se saltos enormes. É ser o diabo à solta" diz Luís Costa.


"Existe algo de mágico e de forças sobrenaturais ocultas em todo este ritual de festa que atribui a estas personagens prerrogativas e imunidade interditas a outros mortais".


Sempre a chocalhá-las!
Mulheres, principalmente solteiras, são presas dos caretos, chocalhando-as devidamente cada vez que agarram alguma. O batimento dos chocalhos nas ancas de uma rapariga, numa estranha dança, simboliza a consumação do coito.






Passagem de testemunhoDuas gerações de caretos, pai e facanito.








Turistas mascarados de caretos, simbiose entre o urbano e o rural.

A praga dos fotógrafos
Por enquanto ainda não há regras para os turistas filmarem e fotografarem livremente os caretos, sendo difícil tirar uma fotografia aos endiabrados mascarados sem que nela não apareça um ou mais improvisados fotógrafos a correr atrás deles.


Há vários anos que o Entrudo Chocalheiro deixou de ser da comunidade aldeã para se transformar num espetáculo organizado em função dos turistas que acorrem à aldeia. Prisioneiro do seu sucesso, não tardará que tenha de introduzir-se ingresso pago e impor-se restrições à livre circulação de visitantes. O entrudo será então definitivamente enterrado e nascerá o carnaval, espetáculo de massas!
Marafonas O burlesco no entrudo de Podence.

A palavra marafona é de origem árabe, significando mulher enganadora, prostituta ou mulher desleixada.

Em Podence, como noutras localidades transmontanas, as marafonas, no carnaval, são homens vestidos de mulher, com a cara escondida por baixo de uma renda e com a cabeça coberta por um lenço.

Os caretos, nas suas brincadeiras, chocalham as mulheres mas devem respeitar as marafonas, não se meterem com elas.






Benfiquista às direitasPara o vendedor da tasquinha de queijos, da aldeia de Avidagos (Mirandela), o clube da Luz é o maior, não fossem as mulheres todas dar à luz, diz, brincalhão! O queijo de ovelha churra é que tinha de ter mais tempo de cura!

Gaiteiros juvenis a dar à gaita, - prákecer - que a festa tem de ser rija!


Happy end!
Depois das diabruras, um abraço de consolo e de ternura, quiçá, para segredar "é a ti que te quero"!

Carnaval do Rio... Tua

Assim se chama o entrudo em Mirandela


Pelo que me pude aperceber o "Carnaval do Rio Tua" restringiu-se a um desfile à base de samba, realizado no dia 16 de fevereiro, terça-feira gorda. Não ficou claro para mim, se os foliões eram só do Rancho Folclórico de São Tiago, coletividade local, ou se vinham de outras bandas, contratados e pagos pela Câmara local.


Sendo natural do concelho e defensor da preservação do entrudo, tenho pena que a autarquia tenha apostado no modelo de carnaval brasileiro para o concelho, a exemplo do que fazem, com sucesso, autarquias do litoral. Compreendo as ambições da cidade, apostada em realizar eventos de massa que levem forasteiros à cidade, mas preferia a revitalização do nosso entrudo.


Meninas adolescentes, rebolando ao frio, em biquini, como noutro Carnaval do Rio, nos trópicos. Justifica-se?



Esta bonita senhora, isolada na multidão que aguardava pelo desfile, despertou-me a atenção por usar lenço e segurar as mãos, uma na outra, como fazia a minha mãe! O samba dirá alguma coisa a pessoas como ela?






A menina era uma bonequinha de porcelana, mais entretida, na sua inocência, a comer algodão doce que a olhar o desfile!







Macedo de Cavaleiros, com quem Mirandela rivaliza em múltiplos aspetos, apropria-se dos caretos de Podence, aldeia pertencente ao concelho. Em certas aldeias de Mirandela, como Torre de Dona Chama, o entrudo tem grande tradição. Porque não dar mais visibilidade à sua recuperação, em proveito do concelho?



A ponte medieval tem dezassete arcos visíveis, todos diferentes. Estes dois não parecem o olhar em bico de Buda, pintado na stupa de Swayambhunath, em Katmandu, no Nepal? Ou uma daquelas máscaras típicas do carnaval de Veneza?



Nunca tinha reparado que esta estátua no Jardim do Império se chamava Princesa do Tua, nome atribuído, por extensão, a Mirandela! É bem bonita esta princesa!


Apesar de não ser o tipo de carnaval que aprecio, soube-me a pouco este desfile carnavalesco. Esperava que o cortejo tivesse mais alegria e uma dimensão maior, fazendo jus à publicidade "Carnaval do Nordeste, o mais alegre do país".