quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Feira da Alheira

Na Princesa do Tua

Durante dois fins-de-semana, a Câmara Municipal de Mirandela promove uma feira gastronómica em que a alheira é rainha.  O próximo  cai nos dias dois e três de março de 2013.

 
Fazendo jus à designação de Mirandela, "Cidade das Flores", o espaço envolvente à feira foi decorado com carretas de flores. 
 

A "Alheira de Mirandela", ex-libris da cidade, é o cartão de visita que leva o nome da cidade a todo o país.   Além da tradicional alheira, feita com entremeada de porco, couracha e galinha,  e da "alheira de caça", a oferta estende-se agora à "alheira de bacalhau", a 7,50 € o quilo.
 


A Alheira de Mirandela, a pretexto, talvez, de  ter sido eleita uma das sete maravilhas da gastronomia portuguesa, é vendida a oito euros,  mais cara que a alheira artesanal, de excelente qualidade, mas sem selo de certificação.  
 
Esta medida pode ser um bom negócio para quem produz mas não, necessariamente, para quem consome. O mesmo produto tem preço diferente, com selo ou sem ele. Ser mais caro nem sempre é   sinónimo de qualidade superior!



Além da alheira, o consumidor encontra todo o tipo de fumeiro nas barracas instaladas nos três pavilhões do Parque do Império.
 

Queijos, queijos, queijos... de cabra, de ovelha, de vaca, de mistura.  É impossível aos gourmands não provarem os saborosos petiscos das queijarias Vaz, do Navalho, e da Escola Agrícola de Carvalhais.
 

A padaria Avô Moleiro apresentou-se com uma variada gama de pães. Porque é que as padarias de Oeiras, um dos concelhos com maior poder de compra do país, priviligiam o consumo da carcaça ? Apetece dizer, Avô Moleiro, para Oeiras!
 

Doce tentação! 
 

Folar doce, com delicioso sabor a aguardente.


 Tapeçaria tradicional.
 
 
Livros comprados na Feira da Alheira
 

 OS TEIXEIRA LOPES. O título do livro despertou-me a atenção porque  uma tia de Abreiro, já falecida, falava-me dessa família, "muito nossa amiga", dizendo que o pintor Armindo Teixeira Lopes era "nosso parente", por parte de um avô paterno. O enigma, contudo, permanece.
 
Quem é o Alfaiate de Mirandela? A menina do stand da Câmara apenas me soube dizer  que o homem tinha sido preso pela PIDE.  Joaquim Natal Figueiredo, 1919-1986, além de ser comunista,  era tio da esposa do Dr. José Silvano, presidente da Câmara de Mirandela. A biografia, escrita por Albano Viseu, doutorado em História, é uma homenagem da família ao mirandelense anti-fascista.   
  

Princesa do Tua
 
 
Mirandela, Cidade florida 

Valeu a pena deslocar-me a Mirandela, à Feira da Alheira e ao convívio com amigos.  Ó Mirandela, quem te viu há-de voltar!
 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A Queima do Diabo

Destruição do mal

Após o desfile de caretos ibéricos, sábado, dia nove, em Bragança, procedeu-se à queima do diabo.
 
 
Diz a tradição que o diabo anda à solta nos três dias de carnaval. O diabo é o mal que está em nós, nas nossas condutas e pensamentos.
 
 
 Durante os dias que dura o entrudo, tudo é permitido. É por isso que no carnaval, festa da carne, ninguém leva a mal. Fecham-se os olhos aos interditos sociais nos outros dias do ano.
 

Os caretos, podem roubar chouriças, chocalhar as raparigas e emborrachar-se. Homens e mulheres, numa inversão dfe valores,  podem vestir-se com roupa do sexo oposto, sem que haja sanções. Os caretos, personagens endiabrados, personificam o lado mau que está em nós.
 
 

Por isso, em Podence e noutras aldeias transmontanas, a tradição manda que se queime o careto, antes da Quaresma, tempo de jejum, em que as cinzas representam a penitência   pelos  excessos cometidos durante o carnaval.  Em Vila Nova, Vila Real, queima-se o entrudo e faz-se o seu enterro. Muda o ritual mas a simbologia é a mesma.
 

Contudo, em Bragança e noutras localidades, queima-se o próprio diabo, para esconjurar o mal que ele representa. Ai de quem até ao próximo carnaval não agir em conformidade com as rigorosas normas sociais!
 

 

Carnaval de Bragança II

Desfile de caretos espanhóis
 
O  careto - tafarron  - com fato de croça, máscara preta e vermelha, cinturão, orelhas de lebre e bigode de pelos de cavalo, é a personificação do diabo, nas festas pagãs de inverno. A fita, no alto da cabeça, presa ao cabelo,  significava que podia entrar nas igrejas.

 
Chocalhos de diabos, usados na mascarada da "Vaquilla" em Palacios de Pan, Zamora.
 

Guapa diaba
 
 
 
 
 
 
 Gaiteiro de Ferrera de Arriba, Zamora
 
 
Careto e matrafona, da aldeia de Pazuelo de Tábara, Zamora.  Estavam encarregues de fazer o peditório, para a festa de Santo Estevão, em 26 de dezembro, coincidente com as festas do solestício pagão. A esmola era dada em comida e quem não cumprisse com o óbulo era castigado.
 
 
"El atenazador de San Vicente de la Cabeza". Corre, com as tenazes, atrás da moças. A máscara é de sobreiro.


Os músicos de San Vicente de la Cabeza acompanham o cortejo pelas ruas da aldeia, tocando músicas tradicionais.
 
 
Os noivos de SanVicente de la Cabeza.


Homem, com capa de pastor, desfila com a cabeça da vaquinha aos ombros.
 

A "Novilha e os Chocalhos", da aldeia de Palacios del Pan, Zamora. 
 
 
Na mascarada, os diabos vestem  fatos feitos de sacos de lã, máscaras...
 
 
Carochos ou diabos, de Riofrio de Aliste, Zamora.
 

 
 
A  "Vaquilla"  de Palacios  del Pan é uma novilha brava que nas festas corre atrás dos rapazes. Antigamente corria atrás das moças para as cornear, fertilizar, em sentido simbólico, com a ajuda de um ganhão.
 
 
 
 
 

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Carnaval de Bragança I

Desfile de caretos ibéricos
 
Diabo  castelhano,  dos "Carochos de Riofrio de Aliste".
 
 
Diabo transmontano, de Vinhais, "uma terra dos diabos"! 
 

Mulheres vestidas de caretos.
A quanto não obriga a falta de homens! Mas elas gostam da brincadeira!
 
 
Porta-estandarte de Grijó da Parada, aldeia de Bragança. Apesar de no desfile estarem presentes caretos de várias aldeias do distrito de Bragança, a ausência dos Caretos de Podence, os mais famosos e mediáticos, não passou despercerbida.


 
 
 
Por trás da ausência de Podence advinha-se uma rivalidade entre a capital do distrito, ciosa de ganhar protagonismo, com o emergente Carnaval dos Caretos, e a aldeia de Macedo de Cavaleiros, saída do anonimato graças ao pioneirismo do Entrudo Chocalheiro.
 

Diabos de Vale de Porco, Mogadouro.
 

Grupo de Caretos de Salsas, aldeia do concelho de Bragança.
 



Velho Chocalheiro de Vale de Porco, Mogadouro. Não confundir a aldeia com Vale da Porca, em Macedo de Cavaleiros e terra natal  Roberto Leal.


 
 

Vinhais, uma terra dos diabos, mandou ao desfile dos caretos uma grande representação de demos e da morte, publicitando  a festa "os diabos e o rosto da morte", dia 16 de fevereiro, em Vinhais.





Caretos de Ousilhão puxando carroça com o pipo. Ou serão caretos de Vila Boa de Ousilhão? Os de Vila Boa não gostam de confusões! Ousilhão  festeja o Entrudo no dia de Santo Estevão, a 26 de dezembro! Vila Boa festeja-o na época do carnaval!
 
 
Em Bragança, a censura saiu à rua, juntamente com o diabo e a morte.  A cidade está a rescriar uma tradição que se havia perdido nas últimas décadas do século XX.