Aleluia do morgado de Monforte
Crítica de leitura
Vinte páginas, uma leitura muito agradável de uma “quase”
bonita história de amor. No “quase”, a surpresa do desenlace. O gabiru da
cidade e a Aninhas da pensão da Madalena como que se esfumam perante a força e
a astúcia de uma mãe que sabe muito bem o que quer para a filha, agindo e
seduzindo o futuro genro, o morgado de Monforte, até o trancar no quarto da
moça. Muito engraçado. Uma mulher prática, transmontana até à medula, quer pela
conduta, quer pelo discurso. A viragem que aquela missa de 7º dia provoca na
ação, faz dela a escolha do título da obra.
E que dizer da toponímia da cidade de Chaves? As ruas, os
estabelecimentos comerciais são uma referência constante – o Mocho, os
Machados, o Benjamim Eugénio Leite, a padaria Rito, a pensão Império, o
Central. Os dois antigos clubes, a feira dos recos no Campo da Fonte, a feira
do gado no Tabulado, são pinceladas breves da vida flaviense do século passado.
A linguagem é saborosamente coloquial, com marcas de
oralidade local – o biju da Gracinda, a sêmea de Lebução, o meio dia novo, o
meio dia velho; aquele pai que “era um bô
home”.
Resta agradecer ao autor esta viagem no tempo, por espaços
que já foram e estas personagens que parece também terem-se já cruzado connosco,
numa qualquer rua da cidade.
10 de julho de 2013
A obra, escrita por Luís Henrique Fernandes, foi-me oferecida pelo autor, em Castromil de Castela, durante o XIX Encontro de Fotógrafos e Blogues do Alto Tâmega e da Galiza. Já nos tínhamos cruzado em anterior encontro da blogosfera e conhecia-o da internet pelo pseudónimo de Tupamaro. Os seus comentários no blogue Travancas da Raia, marcados por uma linguagem truculenta e jocosa, deram-me dele a imagem de homem culto, cioso das raízes tamaganas, povo celta que habitou as terras da euro-cidade Verin-Chaves.
Neste XIX Encontro, durante o almoço no restaurante O Cazador, em Pereiro (Galiza), pudemos conversar um pouco mais, tendo ficado a saber que Tupamaro lia Gilles Deleuze e Michel Foucault. Antes dele, só o amigo Kjell, dos tempos da Sorbonne, me falou da admiração por esses dois filósofos.
O conto, Missa do 7º dia, foi escrito em 2009, em Mozelos, Vila da Feira, onde o autor mora. O blogue "Chaves, olhares sobre a cidade" publicou-o na íntegra, de abril a julho de 2011, em onze episódios. Clicar aqui para aceder à obra no blogue. Ao Luís Fernandes, votos de uma inesgotável veia literária, para que nos continue a brindar com a sua saborosa escrita.
O conto, Missa do 7º dia, foi escrito em 2009, em Mozelos, Vila da Feira, onde o autor mora. O blogue "Chaves, olhares sobre a cidade" publicou-o na íntegra, de abril a julho de 2011, em onze episódios. Clicar aqui para aceder à obra no blogue. Ao Luís Fernandes, votos de uma inesgotável veia literária, para que nos continue a brindar com a sua saborosa escrita.
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