Aldeia raiana
Montesinho, aninhada na serra
A visita à aldeia aconteceu por acaso, porque o destino da viagem, iniciada em Chaves, eram Guadramil e Rio de Onor. À saída de Póvoa de Seabra - Puebla de Sanábria, em castelhano - distraí-ne e vim para Portugal pela estrada de Portelo. Depois de passar a fronteira, ao ver uma placa a indicar Montesinho, resolvi mudar de rota e subir a serra, à sua descoberta.
Montesinho, a mais de 1000 metros de altitude, na Terra Fria transmontana, faz parte do Parque Natural de Montesinho. Criado em 1979, na parte norte dos concelhos de Vinhais e Bragança, faz divisa com a Espanha.
Antes de entrar em Montesinho, subi à Barragem de Serra Serrada, a 1200 metros, onde, numa bonita tarde de sol, o silêncio era quase absoluto. Em relação à albufeira, como a sua capacidade de reserva de água não é suficiente para abastecer Bragança no verão, fala-se na necessidade de construir outra barragem, a das Veiguinhas, a que o PNM se tem oposto, por causa do impacto ambiental negativo.
Entretanto, do lado espanhol da Serra de Montesinho, foi implantado um parque eólico com centenas de aerogeradores que seguem a linha da fronteira.
Impressionantes penedos de granito, nas desoladas cercanias da albufeira. Um mar de pedras, como diria Miguel Torga.
Aldeia preservada
Montesinho não é tão badalada como Rio de Onor mas, em comum, têm os típicos telhados de ardósia preta, influência da cobertura de lousa das casas galegas e seabresas.
Se em Rio de Onor as casas são de xisto, em Montesinho são de granito, às vezes com varandas e alpendres em madeira. As lojas dos animais ficavam nos baixos das casas.
Montesinho, anexa da freguesia de França, é habitada por cerca de 20 famílias. Chegou a ter mais habitantes, quando alguns trabalhadores das minas de estanho, ouro e prata, já desativadas, fixaram residência na aldeia.
Os serviços do Parque Natural de Montesinho, apesar de nem sempre atuarem em sintonia com os interesses dos residentes, têm promovido o desenvolvimento local, recuperando casas, aptas a receber visitantes, na modalidade de Turismo de Aldeia.
A aldeia, em certos aspectos, parece um museu.
Está bem preservada. Tem água canalizada, esgotos, eletricidade, ruas calcetadas... mas, como noutras aldeias de Trás-os-Montes, a emigração levou a população em idade ativa.
Típica varanda transmontana
Castanheiros, despojados de ouriços, vestem-se com as cores do outono. Ao redor da aldeia também há bonitas matas de carvalho e pinhais.
Na ida a Montesinho tive a sorte de ver um bando de perdizes e uma vara de uns dez javalis, ao anoitecer.
Aliás, no PNM é raro não me cruzar com algum animal e avistar aves. Para os amantes da natureza, o PNM organiza percursos a pé, a partir da aldeia.
Adeus Montesinho,
Já te vou deixando
Vai-se o sol na serra
E eu me vou chorando.
2 comentários:
Este blog é muito bonito. Eu que vivo em Moçambique fico cheio de saudades. Parabéns e muito obrigado. Hei de voltar. António
Olá, Moçambique!
Olá, António!
Comentários como o seu são um estímulo para que continue a levar o Reino Maravilhoso aos não transmontanos e aos filhos da terra, espalhados pelas quatro partidas do mundo. Volte sempre e tenha Boas Festas.
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