segunda-feira, 18 de março de 2013

Chaves na Rota do Românico

Igreja de Nossa Senhora da Azinheira

Quando o norte da França e a Alemanha já estavam na Era  das Catedrais Góticas, em Trás-os-Montes,  o poder religioso, com sede em Braga, continuava a  mandar construir  igrejas românicas simples, de uma só nave, como a de Nossa Senhora da Azinheira, em Outeiro Seco.
 
 
 
A primeira referência  a esta igreja, na qual casavam, em meados do século XX, "as meninas finas" de Chaves, aparece num documento de 1235. Conjetura-se, no entanto, sem provas, que a construção seja anterior.
 
 
 
 Fachada principal
"Com um pórtico, de volta inteira, de duas arquivoltas ornamentadas, assentes em impostas sobre dois pares de colunas com capitéis  de decoração vegetalista, antropomórfica e zoomórfica".
 
 
 
Foto da década de 1920, picada do blogue Chaves Antiga
 
Foto de 1936, picada do blogue Chaves Antiga
 
As obras de restauro, na década de trinta do século XX, além de removerem o campanário e a galilé - acrescento feito no século XVIIII  - rematando a fachada principal por empena simples, fizeram outras alterações.


Foto de 1936 picada do blogue Outeiro Seco
 
No conjunto,  essas alterações, feitas com o objetivo de aproximar a  igreja da Senhora da Azinheira com a estrutura que teria na Idade Média, alteraram a sua tipologia, deixando-a sem torre sineira, tal como à igreja românica de São João Batista, em Cimo de Vila da Castanheira.
 
 
"As paredes interiores conservam algumas pinturas a fresco dos séculos XV-XVI e dois retábulos de  talha policroma de estilo rococó".
 
Houve frescos, afetados pela humidade, que foram removidos da capela-mor e das paredes laterais para serem restaurados pelo Instituto José Figueiredo, em Lisboa, onde estão depositados alguns deles. Os outros encontram-se no Museu Nacional Soares dos Reis, do Porto e no Museu Regional Alberto Sampaio, em Guimarães.
 
 
 
A igreja da Senhora da Azinheira está incluída num projeto transfronteiriço de restauro de 33 igrejas românicas de Zamora, Salamanca, Porto, Bragança e Vila Real. Em Trás-os-Montes, no projeto, estão contempladas cinco igrejas do distrito de Bragança e sete de Vila Real.
 
O Projeto Românico Atlântico,  cujo protocolo foi assinado em 23 de setembro de 2010, é financado pela Iberdrola, empresa de eletrecidade espanhola que tem barragens adjudicadas no rio Tâmega e a cuja construção se opõem os movimentos ecologistas.
 
 
 
"A capela-mor apresenta no topo uma fresta que exteriormente tem um arco de volta quebrada, com ornamentações de bolas, assente sobre duas colunas de capitéis, um decorado com folhagens e o outro com motivo zoomórfico".



"Toda a igreja, e a sacristia, é percorrida por cachorrada com representações faciais humanas, animais e bolas".
 
 
 
 
Nos anos 60 do século XX foi criada uma zona de proteção entre o adro e o cemitério, anexo à igreja. Propriedade do Estado e classificada com Imóvel de Interesse Público, a igreja da Senhora da Azinheira tem função religiosa e turística.  Resta saber se com o atual restauro dos frescos que não foram retirados, se regressam aqueles que foram removidos há decadas.
 
 
 
Para terminar, fica uma pergunta. Onde páram as onze tampas sepulcrais, incluindo uma com a cruz dos Pereiras, datável do século XIV, retiradas na década de trinta, do pavimento da igreja?
 
 

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